As ferramentas ao nosso dispor nunca foram tantas – das místicas e espirituais às científicas - e o ser humano nunca “deu tanto defeito”. Que contrassenso é esse? Por que continuamos sendo atravessados simplesmente por uma angústia de existir, se temos total acesso a toda e qualquer forma de saber? Será essa angústia uma marca indelével em cada um de nós? E se não pudermos responder a esses questionamentos de imediato, que pelo menos estejamos dispostos a pensar sobre isso. É esse o meu convite aqui. A ciência e o profissional de saúde não existiriam sem o cliente que vem ao consultório, antes da mais nada porque simplesmente: sofre.
São muitas as questões que trazem um sujeito para a terapia, mas essas três englobam o tom dessa busca por um processo analítico: “porque estou infeliz no trabalho, no amor ou em ambas as coisas”. Nossos caminhos escolhidos nos trazem sempre ônus e bônus, mas às vezes essa balança de ganhos e perdas tende para lados e satisfações desiguais em termos de felicidade ou de dor.
O Brasil está no topo de um ranking que aponta na direção de transtornos de ansiedade generalizados. Apesar da depressão e da própria ansiedade podemos nos arriscar a dizer que a maioria de nós não possui uma doença mental e sim, problemas. A má ordenação das nossas prioridades pode nos levar a conviver com níveis de angustia que vão para além da cota do suportável. Buscar análise pessoal é antes de tudo, aceitar que nossa rotina e nossa existência deixaram de estar a nosso serviço.
Somos seres biopsissociais, o que equivale dizer que somos a soma de fatores genéticos, sociais e comportamentais. Então em uma combinação dessas impressões sobre si mesmo, seriam esses vetores que apontariam na necessidade de se buscar ajuda profissional:
1. Um possível diagnóstico de distúrbios mentais;
2. Traumas, lutos com morte ou perdas vividas;
3. Dificuldades de relacionamento afetivo amoroso, ou familiar;
4. Momento de transição de novas escolhas e caminhos;
5. Desejo de autoconhecimento
Através da impressão que temos sobre nós mesmos, conseguiremos perceber que algo em nós já não caminha mais de maneira harmônica:
1. Alteração do sono ou do apetite para mais ou para menos;
2. Dificuldade de concentração nos afazeres do dia a dia;
3. Ideias de menos valia;
4. Ideias pessimistas em relação ao futuro;
5. Mudanças bruscas de humor;
6. Irritabilidade;
7. Labilidade emocional (choro excessivo sem razão aparente);
8. Níveis baixos de energia e apatia
Pessoas deixam de procurar ajuda profissional por vergonha ou por desconhecimento do que venha a se tratar um processo terapêutico. A Psicoterapia é sinônimo de acolhimento e de autoconhecimento, que ajudará na busca pela melhor maneira de enfrentar suas dificuldades, e até mesmo na tolerância e aceitação daquilo, que não pode ser mudado porque não depende apenas de nós.
Cynthia Bezerra │ Psicanalista clínica │Psicóloga hospitalar.